Por Sílvia Figueiredo
Luciana Dias, carinhosamente conhecida como Lu Dias , iniciou sua notável carreira no audiovisual brasileiro em 1992 roteirizando e apresentando o TVM/Tambaú Vídeo Music na TV Tambaú, afiliada à TV Manchete na Paraíba. Em 1998, fez um programa de grande repercussão com o “7+7” na Band Bahia, que foi um sucesso tão marcante na época que a levou para o estado de São Paulo. Ao mesmo tempo, Luciana dirigia campanhas publicitárias como RTVC na Dumbo Publicidade em Natal, RN. Trabalhou em ambas as capitais e estudava na Paraíba.
Desde o início, a Bahia encantou Luciana, que, apesar de ter nascido em Curitiba, foi adotada pelo calor e pela cultura baiana, recebendo o título de cidadã soteropolitana se considera aliás uma verdadeira “Baiana com muito orgulho “. Seu amor pela Bahia é evidente em cada projeto que realiza, refletindo a autenticidade e a vivacidade que ela absorveu da terra que a acolheu.
Com um vasto background em TV, publicidade e cinema, Lu Dias se destaca como uma profissional multifacetada, misturando paixão e talento em todas as suas realizações. Atuou como Diretora de Criação do Grupo Bandeirantes de Comunicação, onde liderou uma equipe dedicada a criar projetos inovadores com custos otimizados. Seu DNA criativo e sua imersão no audiovisual se manifestam em sua capacidade de criar, filmar, dirigir, editar e compartilhar conhecimento, sempre com um olhar fresco sobre a indústria.
Especialista em desenvolver novas formas no audiovisual, Luciana é conhecida por criar soluções inovadoras que superam metodologias ultrapassadas em todas as etapas do processo de produção. Desde a captação até a pós-produção, passando pela criação de filmes, cenários, programas e campanhas publicitárias, ela sempre busca elevar a qualidade e a originalidade do trabalho.
No “Mais Brasil”, quadro do programa Mais Você de Ana Maria Braga na TV Globo, Luciana utilizava mochila e chapéu, filmando e explorando a diversidade cultural do Brasil. Como também o fez no Oi Brasil, nesse a trilha sonora era uma versão do Diamba da música tema, enquanto o “Sábado Show” tinha como trilha uma música do Salsalitro, capitaneado por Jorge Zarath. “Essa mulher quer ser amada, essa mulher não quer mais nada. Ela é coisa de Deus.” Em seus projetos, Luciana não apenas filmava e fazia perguntas aos convidados, mas também mergulhava profundamente nas tradições locais.
Em sua gestão multidisciplinar, Luciana formou equipes de produção horizontais, fundamentadas na crença de que “#juntossomosumsó”. Com olhar panorâmico e apurado para descobrir e moldar novos talentos, ela defende a reutilização de materiais, acreditando que boas histórias sempre encontram o meio ideal para serem contadas muitas vezes.Apesar de seu caráter nômade e cosmopolita, tendo morado em cidades como Natal, Pipa, Baía Formosa, Canoa Quebrada, Salvador, Chapada Diamantina, Londres, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e João Pessoa, Luciana encontra refúgio em Bananeiras. Lá, consegue se desconectar e recarregar suas energias criativas, sempre pronta para novos desafios e mais criações.
Nascida em uma família de poetas, artistas plásticos, empresários e visionários, Luciana cresceu em um ambiente rico em cultura, viagens e arte. Estudou fotografia e balé, mas foi no audiovisual que encontrou sua verdadeira vocação. Aos 19 anos, teve seu primeiro programa televisivo na TV Tambaú, na Paraíba, e, em seguida, apresentou e dirigiu programas na TV Manchete e TV Cabugi, afiliada à Rede Globo em Natal. Em publicidade, dirigiu campanhas para a agência Dumbo em Natal e obteve sua primeira profissão regulamentada como Diretora Cinematográfica em 1993. Estagiou na Rede Globo com Marcelo Travesso e Jorge Fernando no set da novela “Deus nos Acuda”.
Ao longo de sua carreira, Luciana comandou programas ao vivo, incluindo um de três horas de duração em Fortaleza pela Band, onde superou a audiência do Xuxa Park. Com uma trajetória marcada por escolhas inusitadas e um talento inato para a comunicação, Luciana Dias continua a inspirar e transformar o audiovisual brasileiro, mantendo-se fiel à sua paixão pela criatividade e inovação.
Ela é super competente nossa capa dessa edição concedeu essa entrevista clara, direta e objetiva ao “Alvo dos Famosos” , Jornalista, Diretora Cinematográfica, Roteirista, Apresentadora, Diretora Criativa, Curadora de Arte … Ufa !
1- Como você descobriu sua paixão pelo audiovisual?
Salve !Com 4 ou 5 anos, assistindo a primeira versão do Sítio do Pica Pau Amarelo na TV, descobri que queria viver naquele mundo mágico do imaginário .
2- Quais foram os desafios que enfrentou no início da sua carreira na televisão?
Xiii, foram tantos . Mas olhando pra trás vejo que os maiores estavam sempre na mesma caixa , ser mulher , muito nova e ousar querer dirigir também . Sofri muito preconceito , muitas humilhações seguidas , todo tipo de assédio , mas na época não existiam esses nomes , apenas enxugava as lágrimas e as transformava em combustível pra não desistir.
O machismo sempre foi o maior obstáculo dessa carreira , pós a brilhante Carla Camuratti fazer o cinema nacional ressurgir, aos poucos os espaços foram mudando, bem aos poucos , e melhorando para todas nós.
3- Qual foi o momento mais marcante na sua trajetória até agora?
Em tantos anos , tive a sorte de viver muitos momentos marcantes , em muitas frentes , desde estar nas ruas com a geração Cara Pintada , trabalhando já em TV, até entrevistar ou filmar com seres geniais em várias áreas . Fiz especiais para TV com Oscar Niemeyer , Francisco Brennand , minha amada Zélia Gattai , Jorge Amado , Calasans Neto, Mario Cravo , Dona Canô, Neguinho do Samba , Brown , J. Borges , Dulcinha , fui estagiária na assistência de Direção de Jorginho Fernando , fui a primeira jornalista a entrar no ar com a extinta TV Salvador na virada dos anos 2000, ver o Band Folia virar nacional , enfim, são tantas frentes que marcaram aqui .
E atrás das câmeras estar na Direção de Criação no último Debate com
Boechat em 2018, criar com outros parceiros na TV a Sala Digital para o Google e YouTube com o Grupo Bandeirantes, liderar profissionais incríveis ao longo desses anos , criar novos conceitos , cenários e campanhas de vários projetos, eventos e programas, o próprio Band Folia que ajudei a levar para Band quando ainda estava na Band Bahia fazendo o 7+7 . São muitos momentos como disse. Difícil escolher um só .
4- Como surgiu a ideia de criar o quadro Mais Brasil , no programa de Ana Maria Braga na Globo ?
Essa criação foi do próprio Boninho . O convite veio após o Oi Brasil , programa de viagens que transmitíamos na Band Nacional, criado por Homero Olivetto, Marcus Baldini , Joana Mariani e eu , sair do ar. Quando acabou , Boninho me ligou convidando para apresentar e dirigir esse quadro numa temporada de férias do Mais VC , e foi delicioso . Mostrar o Brasil que dá certo, longe das capitais era o objetivo principal.
5- Você já ocupou diversos papéis na produção audiovisual, desde diretora até roteirista. Como você equilibra essas funções e o que mais te fascinava em cada uma delas?
Venho de um tempo em que trocávamos o pneu do avião em pleno vôo , ou seja, guerrilha audiovisual, na contracultura ou contramão dos grandes centro , aprendi a entender de muitas áreas , para poder criar e manter os programas no ar , os curtas poderem ser filmados , aquele fase de pequenas verbas e muita vontade , sabe?Sempre digo que faço parte de uma engrenagem, aprendi a ser multitarefas , até pelo machismo ou sobretudo por ele . Quando entrava num set no Maranhão por exemplo pra dirigir uma campanha , ouvia ; ah vc é a modelo ou atriz ? Vindo da equipe que eu iria dirigir . Assim, aprendi a bater o pênalti e a correr pra defender , pra conseguir ultrapassar as piadas , e dificuldades impostas , isso me ajudou a entender que pra reger uma orquestra , você realmente precisa tocar todos os instrumentos primeiro.
6- Hoje você é referência e seu nome virou uma marca, de excelência. Como você enxerga o futuro do audiovisual no Brasil? Quais são as maiores oportunidades e desafios pela frente nesse cenário?
Chegamos numa época muito abastada , com a volta de políticas e leis de incentivo a cultura , a volta da atuação da Ancine , faculdades , facilidades de custo em equipamentos enfim, mas nada diminui o talento , o maior desafio para as novas gerações ao meu ver , é equilibrar a utilização da IA sem perder o equilíbrio, essência e parâmetros . Baita desafio . Quando atores são trocados por influenciadores… todo mundo edita, filma , tem um microfone, a dificuldade talvez seja em encontrar público interessado em tantas frentes e demandas, e também garantir a qualidade sobretudo de tantas ofertas.
7- Quais foram os movimentos mais memoráveis das suas viagens pela Bahia enquanto produzia matérias e entrevistava ?
Sem dúvida tudo que envolveu arte e cultura.
Samba de Roda , a série Segredos da Bahia que fizemos anos atrás , incluindo as bordadeiras do Ilê Axé Opo Afonjá, as prosas com Mãe Cleusa , gravações nas Obras Sociais , o legado da nossa Santa Dulce dos Pobres , amor e dedicação de Dulcinha e Maria Rita em manter tudo funcionando e servindo com tanto amor, as Ganhadeiras de Itapuã , a obra Walter Smetak, amava ter um festival de rock paralelo ao nosso carnaval , lembra? Sou encantada com a irreverência e sagacidade da “Mudança do Garcia “, eita … tem muitas coisas… e nem falei muito das viagens. Visitar dona Canô, como amava ir a Santo Amaro da Purificação.
8- Você que sempre levou arte e cultura. O que acha atualmente dos programas da programação das TVs?
Tem canais maravilhosos como o Canal 21, o canal Brasil , e alguns programas realmente muito bons ainda, mas sempre existe espaço para algo novo de novo !
9- Todas as suas experiências profissionais, qual delas mais te marcou?
Acredito que ainda o 7+7 . Éramos tão jovens , tão felizes em estar colocando no ar uma espécie de Lado B da Bahia , mais autoral , mais cool, mais escondido naquela época . Amava minha equipe , estar no Gantois, a oportunidade de estar vivendo tudo aquilo com tanta paixão e ingenuidade.
10- Como surgiu a ideia de fazer entrevistas com uma mochila nas costas, filmando e ao mesmo tempo fazendo perguntas?
Foi a praticidade mesmo . Pra carregar a câmera , kit de apoio e microfone. Nada muito pensado , só porque era realmente útil 😉
11- Quais são as diferenças que você percebe entre o cenário do audiovisual da Bahia e de outros estados?
A Bahia esta muito bem organizado e bem representada em várias frentes , como SP e Rio é até Brasília também estão .
12- Os nomes dos programas apresentados por você?
TVM / TV Tambaú
Manchete Paraíba
TVM / Sistema Sul de Comunicação
FRONT /
Globo Oeste Paulista
SÁBADO SHOW / TV Jangadeiro / afiliada Band na época
CABUGI VERÃO / TV Cabugi – afiliada da Rede Globo / Natal
7+7 Band Bahia
CALÇADÃO/ Canal 21 – nacional
LUCIANA EM QUADRINHOS / TV Salvador
BAHIA , TERRA , CULTURA E GENTE/ TV Salvador
OI BRASIL / Band nacional
MAIS BRASIL / quadro no MAIS VC – Globo nacional
LADO B / BAND
13- Qual você mais se identificou?
LADO B / BAND
14- Sua relação com a Bahia ja está no seu DNA. Conte um pouco sobre esse amor e se voltaria morar na Bahia?
Amo a Bahia desde minhas vidas passadas certamente ( risos ). Lembro que a primeira vez que andei pelas ruas do Pelourinho eu sabia que já tinha estado muito antes por lá . Sabia onde as casas se conectavam secretamente, chorava como quem revê seu lugar, é algo que me dá sensação de pertencimento . Já tentei voltar a morar em 2016, 17. Mas o eixo Rio -SP sempre me chamava de volta . Tenho uma rede de afeto enorme na Bahia , sempre acho que ainda moro . Mas sim, voltaria, porque voltarei .
15- Em que momento despertou a vontade de levar a transmissão do carnaval baiano pra tela da Band Nacional?
Na hora em que paramos o trio do Araketu no Campo Grande pra entrarmos ao vivo na transmissão do Carnaval da Emissora , naquele ano ainda transmitia o Carnaval do Rio , e o link deu errado e não entramos , tive a certeza de que o Brasil estava perdendo uma grande festa , todos já conhecíamos o Carnaval lindo do Rio com suas escolas de samba , mas nem todos , sabiam o que acontecia em Salvador e o quanto era mágico estar ali .
Desci do trio já com essa ideia fixa na cabeça , conversei com o diretor local da época , ele não acreditava muito que poderia ser nacional , e fui com a cara e a coragem para SP falar com o presidente do Grupo Bandeirantes ( Johnny Saad ) e o Diretor Artístico da época ( Celso Tavares ) , mostrando números , vídeos , jornais e fotos , toda animada , naif pacas.
Mas pela logística e contrato que existia com a Globo , eles disseram que não dava a princípio.
Porém , no final do mesmo ano algo aconteceu nesse mesmo contrato e eles decidiram levar a Bahia pra todo Brasil ! Pontos pra todos nós !
16- Um projeto visionário e cheio de elementos da nossa cultura. Qual a sua opinião de ter dado tão certo o Band Folia?
O Brasil começou a redescobrir o que é que a Bahia tem , a transmissão de muitas horas , trazia a alegria contagiante que emanava , o Axé estava chegando às paradas naquele momento , a qualidade das bandas e músicos era incontestável , e a super organização do evento e dos blocos , foram muitos fatores , não apenas um .
Sem esquecer que ainda tínhamos a força de Lícia Fábio , Michelle Magalhães e Daniela Mercury de um lado trazendo grandes nomes e marcas para Salvador , e do outro, Flora Gil e o Camarote 2222, foram anos absolutos para Bahia . Um desfile de grandes nomes , muita gente vivendo nesse intuito , Astrid no camando da transmissão deu uma avalizada também para cena mais cool , uma mistura de lugar certo, na hora certa, e motivo certo para acontecer, sabe ?! Sem esquecer que a Band FM fazia em paralelo, graças a Betinho e ao Grupo, ensaios de Axé em SP para um público formador de opinião , Muitos motivos alinhados
Era a hora !
17- Que conselhos você daria para jovens criadores que buscam inspiração nas suas raízes culturais para produzir conteúdo audiovisual?
Serem o mais fiéis as suas verdades sempre, e não acreditarem nos NÃOS , apenas encontrarem outra forma de transformarem em SIM. Quem canta sua verdade , canta pro mundo inteiro ! Lembrem sempre disso . Não desistir a cada tropeço , eles realmente fazem parte da jornada .
18- Defina sua carreira em uma palavra?
Missão
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