O escritor Marcelo Rubens Paiva falou sobre a importância da memória em “Ainda Estou Aqui“. O autor participou do programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi exibido na noite da última segunda-feira (23).
“Ainda Estou Aqui”, que virou filme neste ano, conta a história do sumiço do ex-deputado Rubens Paiva, pai de Marcelo, durante a Ditadura Militar. Ele então retrata a luta de sua mãe, Eunice Paiva, em busca de respostas pelo desaparecimento e sua luta pelos direitos humanos e dos parentes das vítimas do regime.
Quando perguntado se o livro é uma garantia de memória que possa ser lida pelos filhos de Marcelo Rubens Paiva e pelas próximas gerações, Rubens Paiva respondeu: “Esse não é o papel da literatura?”.
“A arte tem essa função de registrar o tempo”, continuou o escritor, ao citar obras como “Os Sertões” e “Crime e Castigo”. “A literatura tem esse papel da memória. E foi interessante quando eu tive essa descoberta desses três patamares, a memória da Comissão da Verdade, a memória do país – que é esquecida, sempre foi esquecida.”
“‘Vamos virar a página’, sempre falavam isso. Não dá para virar a página, não se vira a página de um caso desses”, continuou Paiva. “E a minha mãe perdendo a memória, o que era assustador, porque ela era o arquivo vivo. Ela que recebia em casa o Fernando Henrique Cardoso, o José Serra, o Lula, Sting, Eduardo Suplicy… ela era uma pessoa que era consultada o tempo todo pela imprensa.”
“Eu lembro exatamente desse 20 de janeiro com uma precisão de detalhes absurda e não lembro o que aconteceu anteontem. A memória é um instrumento da evolução da humanidade”, concluiu.
Marcelo Rubens Paiva reflete sobre memória e literatura em “Ainda Estou Aqui”.
O autor questiona se o papel da arte não é preservar histórias para as futuras gerações e destaca a importância do registro histórico.#RodaViva pic.twitter.com/xT1ZkwmDqr
— Roda Viva (@rodaviva) December 24, 2024
Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, “Ainda Estou Aqui” é a adaptação do livro escrito por Marcelo Rubens Paiva.
O filme se tornou a melhor chance do Brasil no Oscar em anos, além de ter entrado na pré-lista de seleção do prêmio. Até o momento, o longa já recebeu um dos principais prêmios no Festival de Veneza e recebeu indicações em outras renomadas premiações, como o Globo de Ouro e o Goya.
Quem foi Eunice Paiva, personagem de Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui”