Em um mundo pós-apocalíptico, um vírus atingiu a humanidade. Sob a perspectiva de três personagens, a autora C. J. Tudor (de “O Homem de Giz” e “Garotas em Chamas”) leva o leitor a visualizar a luta por sobrevivência em três ambientes que coloca todos em risco em “Tormenta“, livro que está sendo publicado no Brasil em janeiro de 2025.
“Tormenta” é não apenas a busca por se manter vivo, mas também por vingança em um emaranhado de personagens que seguem com seus próprios motivos, alguns sórdidos.
Conhecida por seu trabalho em livros de thriller e de assassinato, Tudor explorou campos que até então não tinha abordado em suas obras. “Eu tentei fazer uma coisa diferente”, explicou em entrevista à CNN. “Para ‘Tormenta’ eu quis ir [numa direção] mais apocalíptica, mais de terror, para testar meus limites.”
“Eu queria escrever algo diferente do que minhas histórias de mistérios em cidades pequenas, eu queria ir mais par o terror, levemente apocalíptico e tive essa ideia de um mistério em um local fechado”, continuou. “Comecei pensando em um teleférico com um cadáver e isso meio que expandiu para esses três cenários em ‘Tormenta’, enquanto acontece uma tempestade de neve enorme.”
Além da nevasca, também é abordado um vírus que se espalha rapidamente e é incurável. O vírus em questão afeta principalmente as vias respiratórios – o que, num mundo pós Covid-19, parece assustadoramente familiar. No entanto, a ideia veio antes sequer do primeiro caso ser registrado.
“A ideia [do livro] surgiu em 2019 e eu não consegui escrever logo”, continuou em entrevista à CNN. “Eu estava muito entusiasmada para escrevê-lo, mas tive compromissos na época. E então a pandemia aconteceu.”
Na época, ela tentava escrever outro livro que precisou deixar de lado para voltar a trabalhar em “Tormenta” apenas em 2021. “Parecia a hora certa de escrever esse livro”, disse.
Mesmo que a ideia tenha surgido antes da pandemia, o contexto vivido por todos – que afetou diretamente a autora, que perdeu o pai durante o evento – acabou também influenciando o livro. “Eu consegui incorporar muitas coisas do que, como você sabe, todos nós meio que passamos durante aquele período, então estava de alguma forma estranhamente presente mesmo”, contou. “Era algo diferente e, depois de ter passado pela pandemia, isso deu muito mais peso à história original (…) tendo passado por toda a situação da Covid, senti que poderia acrescentar muito mais a história.”
Além do suspense, do terror e dos thrillers
Em “Tormenta”, C. J. Tudor explorou algo além do terror pós-apocalíptico: a ficção científica. “Acho que foi minha primeira vez [explorando o gênero”, falou a autora à CNN. “Eu quis me libertar um pouco do que eu estava fazendo e ‘Tormenta’ me deu a oportunidade de fazer isso.”
“E foi muito divertido, me jogar completamente escrevendo isso”, continuou. “Eu sou fã desse tipo de pessoas em mundos pós-apocalíticos em um mundo diferente, sabe, um mundo com a sociedade colapsada e como reagimos a isso.”
“Ainda é essencialmente um mistério de assassinato também, ambientado num lugar implacável enquanto uma nevasca e um colapso social está acontecendo”, descreveu.
Se aventurar no gênero vem parte da motivação pessoal da escritora em escrever. “Não quero que os leitores achem que eu escrevi algo de forma mecânica e não porque eu amei o que eu escrevi”, falou. “Você sabe que não quer decepcionar as pessoas ao mesmo tempo que sabe que não é todo mundo que vai gostar o livro mais recente, porque todos nós temos livros favoritos e está tudo bem. Mas eu sempre sou motivada pelo que me interessa. ‘O que me deixa interessada? O que me anima?’ – e não estou animada em fazer sempre a mesma coisa.”
“Preciso de uma ideia diferente, uma ideia que me anime, que me faça querer escrevê-la”, continuou C. J. Tudor. “Amar o que você está fazendo no livro pode ser sentido.”
O que a motiva a escrever, no fim, é algo que a mantenha motivada. “Espero que isso transpareça nos livros”, falou. “Eu não quero apenas fazer outro [livro], não quero sentir que produzi algo apenas para cumprir um prazo.”
Livro dentro do livro
Embora a obra seja em um campo diferente do que a autora britânica está acostumada a escrever, ela colocou um “easter egg” – ou seja, uma pequena surpresa para os fãs mais atentos – em “Tormenta”.
Em um dos capítulos, o caso de “O Homem de Giz” é citado por um dos personagens como uma memória de um caso que seu tio lhe falou. “Meus livros tem essas pequenos detalhes”, confidenciou C. J. Tudor. “Eu acho divertido colocar esses ‘easter eggs’ nos livros – se as pessoas entenderem, é bem legal. Mas se não entenderem, realmente não importa.”
Adaptações e o futuro de “Tormenta”
Até o momento, “Garotas em Chamas” é a única obra de C.J. Tudor que foi adaptada. Feita pela Paramount, a série conta a história sobre a reveranda Jack Brooks e sua filha Flo, que se mudam para um cidade em que as “garotas em chamas” assombram a igreja no local.
Já “O Homem de Giz”, primeiro livro de Tudor, ainda não foi transformado em livro nem filme. A obra chegou a ter os direitos obtidos pelo BBC Studios, mas teve contratempos e, agora, está nas mãos de uma nova produtora.
Segundo a autora, a equipe responsável é a mesma pela adaptação de “Garotas em Chamas” e também de “Tormenta” – que também será transformada em uma produção audiovisual.
“Será incrível ver isso nas telas”, comentou C. J. sobre a adaptação de “O Homem de Giz”. “Assim como ‘Tormenta’, por causa da natureza do livro e a revelação que acontece no final, que é muito desafiadora de fazer na TV.
“Tormenta”, o novo livro de C. J. Tudor
- Título: “Tormenta”
- Autora: C. J. Tudor
- Editora: Intrínseca
- Número de páginas: 336
- Ano da publicação no Brasil: 2025
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