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Margareth Menezes: A voz que imortalizou o primeiro samba reggae “ FARAÓ”

“Faraó é um hino muito potente, foi o primeiro samba reggae gravado no Brasil. Ela é um grito que pede uma resposta e talvez isso traz essa grande conexão com opúblico”, afirma Margareth Menezes em entrevista para o Alvo dos Famosos.

Cantora, compositora e também Ministra da Cultura, Margareth construiu uma carreira sólida, reconhecida dentro e fora do país. Suas canções misturam axé,samba-reggae e influências do afrobeat, e sua trajetória está profundamente ligada à construção do Axé Music, movimento que, segundo ela, nasceu de uma”construção muito bonita, com muitos agentes, de arranjadores, letras, músicas e das diversas claves rítmicas” que formaram essa expressão cultural. Um dos marcos dessa história é “Faraó (Divindade do Egito)”, música composta por Luciano Gomes, gravada inicialmente pelo Olodum e posteriormente regravada pela banda Mel , Djalma Oliveira,  Ivete Sangalo, Bell Marques entre  outros artistas. A interpretação sozinha de Margareth Menezes, que se tornou uma das mais emblemáticas, imortalizando a canção em sua voz e ampliando ainda mais sua importância na música baiana.Nesta decima sexta edição, a Revista Alvo dos Famosos teve a honra de realizar uma entrevista exclusiva com Margareth Menezes. Ao longo da conversa, ela relembrou momentos marcantes da sua trajetória no Axé Music, falou sobre seu envolvimento com questões sociais e políticas, e refletiu sobre os desafios e conquistas da cultura brasileira.

AF: Margareth, sua trajetória na música é marcada por uma enorme contribuição ao Axé Music. Como você enxerga a evolução desse movimento ao longo dos últimos 40 anos, e qual o seu papel nesse processo?

MM: Foram vários acontecimentos e diversas influências rítmicas, todas relacionadas a essa música tropical, de verão e com essa alegria natural que essa fusão rítmica traz. Eu encaro o Axé Music muito mais como um movimento do que como um gênero musical. Nesses 40 anos, esse movimento absorveu muita coisa. Temos aí os blocos afros e afoxés, as outras formas de manifestação e linguagens. Nesse processo, em 1992, a gente veio com o Afropop Brasileiro, identificando essa linguagem contemporânea e que também está dentro dessa expressão do Axé Music. Eu sempre defendi essa fonte, para a gente nomear também as lideranças negras, a representatividade do povo negro dentro disso, defendendo o protagonismo negro dentro dessa desse conceito do Axé Music. Em resumo, esse movimento veio a partir de uma construção muito bonita, com muitos agentes, muitas pessoas colaborando, de arranjadores, de parte da harmonia, das letras e músicas, das percussões, dos diversos cruzamentos das claves rítmicas que estão embutidas dentro disso. Era um momento dessa profusão de surgimento, a gente estava ali no olho do furacão, com uma juventude, uma galera nova, com tantas possibilidades, e cada uma veio defendendo a sua e se refinando dentro desse contexto que veio a ser chamado depois de Axé Music.

AF: Você começou sua carreira em Salvador, na Bahia, e sempre foi influenciada pela cultura local. Como sua origem e vivências em Salvador moldaram sua identidade artística e suas escolhas musicais?

MM: Fui influenciada pela cultura local sim, mas também tive uma referência cultural emusical muito ampla. Meus pais sempre gostaram muito de música e de música brasileira, através do meu pai conheci Clara Nunes, conheci Dicró, conheci o TrioNordestino, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro. Nossa referência era muito diversa. Na minha adolescência eu sempre ouvi Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Novos Baianos, Ney Matogrosso, Rita Lee, A Cor do Som. Sempre tive acesso a muita coisa da música, pela minha própria curiosidade e também porque meus tios gostavam da Jovem Guarda, eles compraram aquela vitrolinha e tinham muitos discos. Então, eu ouvia muita coisa, Jorge Ben, Luiz Melodia, Janis Joplin, Led Zeppelin. E isso é também o que justifica essa minha performance mais ampliada dentro da música.

AF: A música “Faraó (Divindade do Egito)” é um ícone na sua carreira, e muitas pessoas ainda lembram desse sucesso como o marco da sua trajetória. Como você se sente ao ver essa canção tão presente na memória do público, mesmo tantos anos depois?

MM: Faraó é um hino muito potente, foi o primeiro samba reggae gravado no Brasil. Ela é um grito que pede uma resposta e talvez isso traz essa grande conexão com o público. Na pandemia, durante o isolamento social, teve aquela coisa das pessoas se comunicarem entre prédios através desse chamado e isso foi muito marcante. Então é, sem dúvida, uma canção muito importante pra mim e pros meus 38 anos de carreira. É uma música emblemática mesmo, ela tem esse poder. Na minha carreira eu tenho algumas músicas que são assim, Elegibô, Dandalunda, Me Abraça e Me Beija, são músicas do meu repertório que têm potencial. Agora, Faraó realmente é fora da curva, porque ela realmente é uma melodia diferenciada. E está dentro dos grandes hits da música do movimento Axé Music.

AF: A Fábrica Cultural é um projeto que reflete sua visão de arte e comunidade.Como você vê o papel das iniciativas culturais como a sua na transformação social e na valorização das tradições locais em tempos de desafios econômicos e sociais?

MM: A cultura é um dos mais importantes e preciosos capitais sociais que o ser humano pode adquirir ao longo da vida. E promover caminhos para que isso aconteça é fundamental. A Fábrica Cultural é uma organização social fruto do sonho de fazer mais pelo povo da Península de Itapagipe, e de toda a cidade de Salvador, que hoje caminha com as próprias pernas, gerida por uma equipe potente, com atuação amplificada e projetos diversos que promovem transformação social por meio de ações de educação, arte, cultura e sustentabilidade.

AF: Além da sua carreira musical, você sempre esteve envolvida em questões sociais e políticas. Como essas causas influenciam sua arte e sua visão sobre a cultura brasileira?

MM: A defesa do que eu acredito é inerente a mim como pessoa e isso é indissociável de qualquer área em que eu atue. Eu sempre falei e me apresentei em defesa da minha identidade afro-brasileira, das minhas raízes, da minha ancestralidade, dos direitos de todas as pessoas, contra o racismo e em prol da natureza. E isso está em tudo que faço.

AF: Você tem uma carreira sólida no Brasil e também já teve uma projeção internacional. Como você enxerga a importância de levar a cultura brasileira, especialmente o Axé, para o cenário global? Quais desafios e oportunidades você vê para os artistas brasileiros hoje no exterior?

Eu venho do movimento independente da música, e nunca tive grandes estruturas para realizar meu trabalho. Até para gravar eu precisei fazer o meu próprio selo. Tudo isso aconteceu pelo fato de eu ter tido a oportunidade de cantar nas cidades, nos carnavais do Brasil. Então, eu vejo o Carnaval como um grande festival, uma janela que se abre para todas as expressões das artes cênicas, como a música, a dança, a histórias do nosso povo e do nosso país. Salvador é pioneiro no Carnaval de rua, algo grandioso que a gente construiu no dia a dia, e revolucionou essa festa de rua e a música popular em todo o país.

AF: O que você considera como os maiores desafios e oportunidades para a cultura brasileira nos próximos anos, especialmente no que diz respeito à valorização da diversidade cultural e ao apoio a novos artistas?

MM: É preciso tirar esse olhar de perseguição e crime dos direitos culturais, e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da Cultura do nosso país. Isso foi construído a partir da ditadura, quando a perseguição aos artistas, aos intelectuais e ao pensamento crítico foi alvo de repressão, morte e silenciamento. Os ataques infundados ao Ministério da Cultura e às políticas culturais que estamos vendo hoje, se tratam, justamente, dessa visão arcaica, irresponsável. O nível de destruição que nós encontramos dentro do Ministério da Cultura era algo estarrecedor. Hoje, estamos comprometidos a entregar ao Brasil uma política cultural de Estado, com capilaridade nacional e transparência. Estamos construindo esse legado, pelo merecimento do setor, pelo merecimento do povo brasileiro, e pela grandeza que é a nossa cultura. É muito emblemático, por exemplo, quando vemos o povo explodido com a vitória do Oscar com o filme “Ainda Estou Aqui”. Temos outras obras conquistando prêmios importantes pelo mundo, temos a retomada da busca pela cultura brasileira nacional internacionalmente, estamos abrindo novas salas de cinema em cidades que nunca tiveram cinema, estamos levando equipamentos culturais para lugares que não tinham equipamentos culturais, e estamos fazendo isso de mãos dadas com a sociedade. Em relação ao Brasil nós temos uma cultura diversa e é impossível criar uma única compreensão, uma única expressão, ou uma única valoração para determinar o que pode ser tido como cultura brasileiro, ou não. Esse é o país da diversidade de influências trazidas de vários lugares do mundo, um país laico e temos a criatividade como motor de vivências e sobrevivências. O Ministério da Cultura tem buscado tratar o Brasil nessa dimensão com a visão nacional, ajudando a fazer a transformação na vida das pessoas. Essa é a nossa luta, a nossa dedicação, e assim que eu me sinto dentro dessa missão, para fortalecer o acontecimento cultural no Brasil nesse novo momento. Um momento muito especial que temos que aproveitar.

 

 

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