O primeiro Festival Literário Internacional da Paraíba (FliParaíba) acontece em João Pessoa entre 28 e 30 de novembro deste ano. Com entrada gratuita, o evento vai reunir escritores brasileiros, portugueses e de países lusófonos da África para discutir “10 ideias para um futuro descolonizado”.
Com o tema “Camões 500 anos – uma nova cidadania da língua”, o evento contará com dez mesas de discussão, feira de livros e apresentações culturais, além da exposição “O Rosto de Camões”, de João Francisco Vilhena.
Entre os nomes confirmados, estão o português Rui Tavares, o angolano José Eduardo Agualusa e o músico brasileiro Chico César, responsável pelo show de encerramento.
A programação completa do FliParaíba 2024 pode ser conferida no site oficial do evento.
Juntar brasileiros e portugueses através da língua
O festival é realizado através da parceria entre o governo da Paraíba e a Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA). Embora esta seja a primeira edição do FliParaíba, o presidente da APBRA, José Manuel Diogo, disse à CNN que prefere pensar nela como um “esquenta” para o ano que vem.
É em 2025 que José Manuel Diogo pretende realizar o projeto do modo como ele planeja: dois festivais literários “irmãos”: um em João Pessoa, no Brasil, e outro em Coimbra, em Portugal. O tema para os dois eventos no ano que vem também já está decidido: a descolonização do patrimônio físico e intelectual.
“Debater a união com base na diferença e essa partilha para o futuro”, disse ele. Português e morando no Brasil, José acredita que a aproximação entre os dois países – através da língua em comum – é um dos pontos centrais do festival.
Ele destaca a quantidade de brasileiros morando em Portugal atualmente e a influência que o Brasil tem tido no país europeu, no que ele chama de “um movimento de contra-colonização benigno”.
“Quando existe essa imigração, é preciso que do lado de lá, as pessoas estejam preparadas para receber e do lado de cá, as pessoas estejam preparadas para ir”, falou. “O mundo global vai deixar os territórios desmaterializados, então é preciso que quem mora no Brasil e quem mora em Portugal estejam mais próximos que nunca.”
Para ele, a aproximação cultural entre os países é essencial para que essa relação ocorra da melhor forma possível.
“Toda a xenofobia se baseia numa coisa simples que é o desconhecimento, a ignorância. Então, a solução é fácil. Difícil de implementar, mas fácil de entender: vamos partilhar a cultura”, explicou José. “Vamos juntar os escritores portugueses com os escritores brasileiros num lugar simbólico.”
Outra preocupação da organização do festival é que as discussões não se restrinjam ao evento: o conteúdo das dez mesas será transformado em um livro, de maneira a documentar o FliParaíba.
“A gente tem essa preocupação não ser apenas entretenimento, mas conhecimento”, acrescentou José.
Livro que inspirou filme “Ainda Estou Aqui” ganhará continuação