A escritora sul-coreana Han Kang, 53, foi anunciada nesta quinta-feira (10) como a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura 2024. Segundo a Academia Sueca, ela foi escolhida por sua “prosa poética intensa, que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”.
Com uma bibliografia relativamente curta em comparação aos outros vencedores da honraria, Han Kang começou a escrever nos anos 1990. No entanto, seu sucesso no Ocidente veio com o lançamento de “A Vegetariana“, publicado em 2007 e traduzido em 2015 por Deborah Smith, especialista na tradução de ficção coreana.
No Brasil, quatro obras traduzidas de Han Kang já estão disponíveis nas livrarias. Conheça-as:
-
“A Vegetariana” (2007)
Em “A Vegetariana”, seguimos a jornada de Yeonghye, que, após um sonho perturbador, opta por não comer, cozinhar e servir carne. Essa decisão inicia um processo de desapego em três etapas, convertendo sua vida aparentemente comum em um pesadelo inquietante que impacta todos ao seu redor.
Narrado por três perspectivas, o romance investiga o afastamento de Yeonghye em relação às pressões de seu marido e de sua família, explorando temas como rebelião, tabus, violência e erotismo.
Em 2016, a edição traduzida para o inglês do livro conquistou o Prêmio Man Booker Internacional de Ficção, com o painel de jurados ressaltando-o como “incrivelmente poderoso e original”. No mesmo ano, a revista Time incluiu a obra em sua lista dos melhores livros do ano.
No Brasil, “A Vegetariana” foi publicada em 2013 pela editora Devir e, posteriormente, em 2018, pela Todavia.
-
“Lições de Grego” (2011)
O livro apresenta a história de um professor de grego que está perdendo a visão e de uma aluna que está perdendo a voz. Ambos compartilham uma dor profunda: ela enfrentou a perda da mãe e da custódia do filho, enquanto ele lida com o temor de perder sua autonomia e a sensação de estar dividido entre as culturas coreana e alemã.
Ao se encontrarem em um momento de sofrimento, a experiência da cegueira dele se entrelaça com o silêncio dela, e esses desafios criam uma conexão entre os dois.
No Brasil, a obra foi lançada em 2024 pela editora Dom Quixote.
-
“Atos Humanos” (2014)
“Atos Humanos” une poesia, violência e humanidade para retratar o trágico episódio de maio de 1980, quando o exército da Coreia do Sul esmagou um levante estudantil na cidade de Gwangju, levando à morte de milhares de pessoas.
A obra constrói um mosaico de vozes e pontos de vista dos indivíduos afetados. No Brasil, “Aos Humanos” foi lançado pela editora Todavia em 2021.
-
“O Livro Branco” (2016)
Em “O Livro Branco”, a narradora, durante sua estadia em uma cidade europeia coberta de neve, é subitamente tomada pela memória de sua irmã, que faleceu ao nascer nos braços da mãe. Ela enfrenta essa tragédia que deixou marcas profundas na vida da família, evocada por imagens da cor branca, símbolo de luto em algumas culturas orientais.
Cada capítulo é intitulado com elementos brancos que remetem à “grande dor das coisas que passaram“, mas sem recorrer a excessos sentimentais. Com a delicadeza da neve, a narradora busca compreender seus sentimentos mais profundos, descrevendo o ato de escrever como um remédio essencial para suas feridas emocionais.
No Brasil, “O Livro Branco” foi lançado pela Todavia em 2023.